Thursday, January 21, 2010

Meleca de nariz

Uma coisa curiosa que está acontecendo comigo aqui é o aumento da produção de meleca de nariz. Eu não estou falando daquela meleca mole que acontece quando a gente está resfriado, mas sim daquela caca mais sólida, que faz a gente querer "limpar o salão", sabe? Sério. No Brasil, geralmente tirar a meleca do nariz duas vezes por dia era suficiente para mantê-lo limpo. Eu não sei o que acontece aqui que eu tenho que limpar o nariz umas 4 ou 5 vezes por dia! (Mãe, fica tranquila que eu não estou fazendo isso em público.)

Andei pesquisando na internet e (não sei se é verdade, já que a fonte é meio duvidosa) mas prece que o nariz humano produz cerca de um copo de requeijão de muco por dia! Esse muco serve para proteger o organismo de sujeira, pó e germes que chegam pelo ar que a gente respira. Aí, os pelos fazem esse muco ir para a garganta (para ser engolido ou cuspido) ou para a parte mais externa do nariz (desculpe mas eu não sei os termos técnicos corretos). Bom, parece que o muco que vai para a parte mais externa fica ressecado pelo ar e se transforma na famosa caca a qual eu estou me referindo aqui.

Acho que a produção da meleca de nariz aumentou porque o ar aqui é muito seco. Além disso, com esse frio dos diabos que faz aqui, a gente fica o tempo todo em ambientes aquecidos, que devem ser mais secos ainda. Ainda não tive coragem de perguntar para outras pessoas se eles produzem muita meleca. Sei lá, fico meio sem-graça de conversar isso com os gringos aqui. De qualquer forma, já estou ficando cansada de tanta meleca!

Monday, January 18, 2010

O pesadelo na montanha

É, o título parece nome de filme de terror, mas foi quase isso que aconteceu no domingo passado quando eu fui esquiar pela primeira vez. Essa história de esquiar é meio complexa. A logística envolvida é enorme. Primeiro é necessário saber se nevou na montanha, então todo mundo tem a página de previsão do tempo nos favoritos e fica monitorando. Por incrível que pareça, a neve não é tão importante assim porque o pessoal do resort fabrica neve. Isso mesmo, eles têm umas máquinas de fazer neve. Mas todo mundo diz que esquiar na neve de verdade é bem melhor.

Bom, uma vez decidido que se vai esquiar, é necessário acordar bem cedo. Quem conhece minha aptidão para dormir sabe que acordar cedo é uma tortura imensa para mim. Então eu tinha que escolher: ou eu acordava tarde e ficava no dormitório sozinha estudando ou eu acordava cedo e ia esquiar com meus amigos. Não foi tão difícil assim escolher.

Saímos às 7h30 da manhã num frio de menos 21 graus Celsius. Foi o dia mais frio da minha vida. E não pense que para sair às 7h30 basta acordar às 7h15. Isso funciona para ir para aula, mas para esquiar é necessário acordar às 6h. Isso porque eu tinha que preparar todo o equipamento e também me vestir. Sério demora muito pra se preparar: 2 calças, 3 blusas (camiseta de manga comprida, blusa de flanela, blusa de lã), 1 jaqueta, cachecol, 2 pares de luvas, máscara (aquelas de bandido que só deixa os olhos de fora), óculos, capacete, botas de esqui, esquis e o par de bengalas que eu não sei o nome em português (em inglês se chama poles). Com toda essa parafernalha, eu mal conseguia me mexer e mais parecia o robocop andando...

Eu estava num mau-humor de espantar qualquer um. Não estava acreditando que tinha acordado de madrugada e estava passando um frio de arrepiar urso polar. Meus amigos estavam todos felizes porque iam esquiar, fazendo brincadeiras, contando piadas e eu dando coices para tudo quanto é lado. A montanha fica a 50 minutos de carro e a gente parou no meio do caminho para tomar café. Ah, depois do café meu humor já ficou melhor: sanduíche de presunto com ovo e bacon melhora o humor de qualquer um!


Chegando na montanha é necessário escolher a pista ideal. Como eu nunca tinha esquiado antes, contei com a caridade imensa do Benoit, que se voluntariou na missão impossível de me ensinar... Sério, esse cara teve uma paciêcia de monge comigo. Mas também não significa que ele foi bonzinho. Já pra começar ele me colocou na pista verde. Mais fácil que a verde é a pista de aprendiz, onde a declividade é bem pequena. Mas não, par ao meu desespero a gente já foi logo pra verde. Subimos a montanha de teleférico e uma vez lá em cima não tem jeito de descer, a não ser esquiando. Claro que sempre dá pra descer a pé, mas aí é passar muita vergonha.

Não dá pra descrever o desastre que foi. Esquiar é diferente de patinar no gelo (lembra que eu joguei hockey no gelo né?). Na patinação eu caía porque perdia o equilíbio. No esqui a coisa mais difícil que tem é parar. Começava a descer um pouco e já pegava uma velocidade imensa. Um descontrole total, não sabia para onde ir. Aí eu me jogava no chão, rolava um pouco e parava. Para levantar é outro parto, segurando os poles, com os esquis nos pés. Começava a levantar e os esquis começavam a descer antes de eu ficar de pé. Show de horror. O Benoit ia me ensinando, mas a cada queda ele fazia aquela cara de desespero e eu ia pensando "eu não vou conseguir fazer isso nunca, chega dessa palhaçada, melhor desistir". Mas aí eu pensava em toda a grana investida nessa história de esquiar (passe da montanha, equipamento) e também não podia decepcionar meu paciente professor. Nem preciso dizer que eu desci a montanha toda desse jeito, caindo, levantando, atropelando. Levei 45 minutos para descer uma pista que um esquiador medíocre faria em 5 minutos.


É difícil de dizer que eu aprendi alguma, mas no fim do dia já estava caindo bem menos e me divertindo à beça. Caindo, mas me divertindo. Além disso, a paisagem do topo da montanha é maravilhosa.