Friday, April 24, 2009

Parênteses

Antes de continuar a escrever sobre a viagem, preciso fazer um parênteses sobre a aventura do voo da volta.

Apesar da chuva torrencial na hora de ir embora e do cancelamento de vários voos, o meu embarque aconteceu na hora marcada. Havia uma grande fila de aeronaves para decolagem e por isso o avião em que eu estava teve de esperar uma hora e meia na pista, pois havia 15 na nossa frente. Durante a espera, um raio caiu no avião, mas aparentemente não aconteceu nada e resolveu-se continuar a espera para decolagem.

Depois de 30 minutos voando com turbulências aterrorizantes, quando já estávamos sobre o oceano, um outro raio caiu sobre a asa direita do avião. Eu estava na janela (não sobre a asa, mas bem perto) e vi o clarão. Depois deu para sentir o tremor na aeronave. O pânico se instalou: pessoas chorando, mulheres gritando, grávidas passando mal, comissários de bordo correndo e perguntando aos passageiros que estavam sobre a asa se eles tinham visto o que aconteceu...

Pensei que fosse morrer. Imagens de aterrissagem mar gelado e de reportagens no Jornal Nacional dando conta da morte de 300 brasileiros num voo de volta pra casa não saiam da minha cabeça. Fiquei pensando na minha família no velório, comentando como lamentavam uma morte tão inesperada e breve, 'com todo o futuro pela frente'.

O piloto avisa que o painel está indicando que tudo está normal, mas ele resolve voltar ao aeroporto por precaução (precaução uma ova, aposto que ele também estava se cagando nas calças). Quando estávamos chegando no aeroporto o avião desvia da rota e começa a voltar para o oceano e depois segue para o continente e depois de volta para o oceano, várias vezes. Precisávamos reduzir o combustível da aeronave pois era muito arriscado aterrissar com tanto combustível assim.

Finalmente aterrissamos e na pista havia bombeiros, caminhões, polícia, ambulâncias. Digno de cena de filme. Desembarcamos e esperamos mais uns 40 minutos no portão, quando o voo foi cancelado. Como o raio não era culpa de ninguém, a companhia aérea não ofereceu ajuda nenhuma com hospedagem ou alimentação. Deram apenas um número de telefone para remarcar o voo e solicitaram que a bagagem fosse retirada na esteira tal.

Alguns "sortudos" conseguiram um valcher de táxi, para voltar para a cidade e acabaram se metendo numa outra enrascada. Os taxistas colocavam 6 passageiros nos carros, levavam somente os passageiros que iam em lugares próximos e depois voltavam para o aeroporto para pegar mais passageiros. Depois de muito brigar o pessoal era largado em uma rua qualquer, no meio da chuva. Alguns tiveram suas malas quebradas pelos taxistas e tiveram que pegar outro táxi, no meio da madrugada.

Foi emoção suficiente para me fazer refletir sobre a vida e pensar que aquela era a hora em que eu ia morrer.

Monday, April 20, 2009

Paixão nacional


Basquete é a paixão nacional nos Estados Unidos. Pensando nisso, comprei, ainda no Brasil, ingressos para o jogo Knicks x Detroit no Madison Square Garden. O ginásio é grande, tem 20 mil lugares e, além de basquete, costuma sediar jogos de hoquei, boxe, vale tudo, shows. Fica bem no centro da cidade e foi construído sobre a estação subterrânea Pennsylvania Station. Nas imediações do ginásio você pode encontrar cambistas oferencendo "tickets, tickets". Mas eu não recomendo não. No dia do jogo, na minha frente estavam um grupo de 8 espanhois que foram barrados na entrada porque estavam com ingressos falsos.


De certa forma, fiquei um pouco decepcionada porque esperava alguma coisa parecida com os jogos de futebol aqui do Brasil. Ninguém grita, xinga ou se altera. A torcida não se envolve emocionalmente no jogo. Todos ficam sentados, comendo o mega combo de cachorro-quente e refrigerante. Aplaudem e dizem "yes!" quando aparece uma jogada bonita.

Em compensação, tudo é um verdadeiro show. Tem um DJ que toca durante todo o jogo e um telão que mostra pessoas famosas na torcida ou os anônimos engraçados, dançando e torcendo. Nos intervalos ou durante as pausas técnicas as cheerleaders dançam e tem brincadeiras para os torcedores (show de calouros, andar de velocípede, acertar a cesta a várias distâncias). Parece que as pessoas prestam mais atenção nessas coisas do que no jogo em si.


Clima

O clima nos Estados Unidos é bem seco. Em 2 dias a pele começa a ficar branca e repuxada. Um horror. Tive que comprar um hidratante aqui porque o meu, do Brasil, era muito "fraquinho". Não pense que é frescura não. Até os homens andam com protetor labial no bolso e passam toda hora.

Verificar a previsão do tempo é fundamental porque a temperatura dentro das casas costuma ser bem diferente da temperatura da rua. Além disso, só olhar pela janela pode enganar. Às vezes está o maior solzão lá fora e você pensa que está calor, mas na verdade está uns 5 graus Celsius.

Outra coisa chata é que os americanos usam a escala grau Fahrenheit. Eita coisinha mala! Para transformar Fahrenheit em Celsius tem que subtrair 32, multiplicar por 5 e dividir por 9. Se fizer de trás pra frente invertendo as operações matemáticas, você transforma Celsius em Fahrenheit. Ainda bem que os sites geralmente tem opção de mostrar as duas unidades. O saco é quando um gringo pergunta qual a temperatura no Brasil...

Não sei porque (no Brasil não acontece muito) mas nos Estados Unidos a sensação térmica costuma ser diferente da temperatura que está realmente fazendo. Por isso, além da temperatura, os sites de meteorologia também indicam qual a sensação térmica. Eu acho essa informação mais importante. Parece louco, mas não importa muito qual a temperatura lá fora, mas sim qual a temperatura que você sente. Por exemplo, outro dia estava 10 graus com sensação térmica de 2: já muda bem o cenário!

Friday, April 10, 2009

Rapidinhas do Tio Sam

- Em Durham, quando você está dirigindo e quer virar a direita num cruzamento mas o farol está vermelho para você, não é necessário esparar o verde. Basta dar uma olhadinha, checar se dá para fazer a conversão sem colidir ou atropelar ninguém, e entrar.

- Em compensação, se tiver um sinal de pare e você não parar por pelo menos uns 3 segundos (mesmo que não haja uma alma viva na rua) você pode ser multado.

- Levei um tempo a me acostumar com o carro automático e, no início, pisava fundo no breque pensando que era a embreagem. Posso até imaginar os motoristas americanos gritando 'Hei, Mrs. Mary, go to kitchen!'

- A balada nos EUA termina às 2h. New York tem um chorinho e vai até às 4h. E nem adianta reclamar, na hora marcada a música acaba, as luzes se acendem e a polícia está na porta para garantir que tudo acaba mesmo!

- Ainda na balada, é preciso pagar a cada vez que pedir uma bebida. Ou, você pode deixar seu cartão de crédito com a garçonete e no final ela te devolve com o canhoto para assinar.

- Alimente-se antes de ir para a balada porque, em geral, não há nada para comer.

- É proibido fumar. Logo, nada de cabelo e roupa cheirando fumaça na volta para casa.

News from USA

Desde sexta passada estou nos Estados Unidos. Passei o fim de semana em Durham (Carolina do Norte), num evento de Duke. Aluguei um carro e, pasmem, eles não tinham um carro manual. Foi bem ridículo ter de pedir instruções para aprender a guiar o carro automático.

A universidade é linda de morrer. Tem um ginásio enorme de basquete e eles levam o esporte muito a sério: há uma rivalidade grande entre Duke e UNC. Não há dorms para quem cursa o MBA e o pessoal mora em uns condomínios que mais parecem o sonho americano. Apartamentos confortáveis, com grandes jardins e piscina nas áreas comuns. Nem preciso falar que só tem carrão por aqui. Nada de Ford Ka ou similares.

Impressionante como eu não entendi nada do que os americanóides falavam. Nem parece que estudei tanto inglês. Parecia uma alienígena sorrindo e balançano a cabeça, fingindo que estava entendendo alguma coisa.

Agora estou em Nova Iorque. Tem bastante estrangeiro por aqui e percebi que tem muita gente que faz o mesmo que eu: balança a cabeça e sorri... Mas parece que a gente vai se acostumando e agora até que consigo entender uns 80% do que as pessoas falam.

Mais posts em breve, assim que conseguir tempo para escrever...